quinta-feira, 4 de setembro de 2008

Brasil-sil-sil - Ratos de Porão (1989)


Por aqui, vamos começar com os defeitos de um disco punk: panfletário, barulhento e com letras limitadíssimas.
Mas é um discaço! Pra quem consegue ouvir seu som pesado e rápido. Pra quem não consegue, vale a capa genial...
Foi um disco de virada pro punk-hardcore nacional: som bem gravado na Alemanha e produtor gringo, o que nesse caso se traduziu num som mais nítido, tirando os vocais do João Gordo, que realmente são difíceis de entender, tanto pela velocidade quanto pela gritaria.
O disco já começa com peso, o hardcore-crossover-com-metal 'Amazônia nunca mais', panfletária claro, mas estou me repetindo...
Na seqüência 'Retrocesso', sobre o possível retorno do poder militar. Bom, a ABIN agora é dirigida por um ex-membro do SNI, então nada é tão paranóico que não possa acontecer, né?
Depois, um dos crássicos do disco: 'Aids pop repressão', que tem até um scratch chupado do hip-hop, e o refrão definitivo, 'o que é que eu fiz pra merecer isto?'.
'Lei do silêncio', ainda atual em favelas dominadas por tráficos ou milícias.
Depois de 'Gil goma', alusão ao repórter Gil Gomes, vem o outro crássico do disco: 'Beber até morrer', o que não é um incentivo, e sim uma crítica.
Algumas músicas datadas e/ou irrelevantes, como 'Plano furado II', 'Heroína suicida', 'Crianças sem futuro', 'O fim' etc. Mas num disco com 18 músicas, é inevitável.
Merecem citação ainda 'Farsa nacionalista', 'Traidor' (que começa lentinha, heresia pra um disco dos Ratos Do Porão), 'Vida animal' (divertida e escatológica), 'Porcos sanguinários' (que não é sobre palmeirenses), 'Máquina militar' e 'Terra do carnaval'.
Voltando à capa, a trilha acompanhante é 'SOS país falido'. Mas isso antes de nós pagarmos a dívida externa.
Em cd, o disco vem junto com o mais fraquinho 'Anarkophobia' (que tem a excelente 'Igreja universal'), mais 'Jardim elétrico' do disco Sanguinho novo Arnaldo Baptista revisitado. Vale a compra, pra quem não tem medo de som pesado.
A única vez que os vi ao vivo foi no Circo Voador, abrindo pro Sepultura no lançamento de 'Beneath the remains' (outro post). Fiquei impressionado com o show e a super presença do João Gordo.

Um comentário:

  1. Dao,
    Coloca as referencias das bandas do lado direito, pra galera ir direto na banda/cantor(a) que ela gosta. Valeu! LM

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